A investigação, denominada “Operação Kenova”, lançada em 2016 e conduzida pela polícia britânica, centra-se em assassinatos e tortura que remontam à década de 1970 e estão ligados a um agente encoberto conhecido pelo nome de código “Stakeknife”, bem como ao papel desempenhado pelos serviços de segurança, particularmente o MI5, o serviço de informações internas.
As três décadas de conflito em torno da presença britânica na Irlanda do Norte resultaram em 3.500 mortes antes da assinatura do acordo de paz em 1998.
“Stakeknife” chefiava o célebre “esquadrão da morte” do Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês).
Era responsável por interrogar e eliminar traidores e informadores, enquanto ele próprio atuava como agente infiltrado.
O inquérito examinou 101 assassinatos e raptos ligados a esta unidade.
Este agente do Exército Britânico cometeu “os crimes mais graves imagináveis”, concluiu o inquérito.
“Nem o Exército nem o MI5 pareciam capazes de controlar eficazmente Stakeknife”, segundo o relatório.
Os mecanismos de controlo que deveriam ter sido implementados “foram ignorados devido a um sentido de lealdade” para com este agente.
“Esta falta de clareza permitiu-lhe continuar a cometer crimes graves pelos quais nunca foi levado à justiça”, pode ler-se.
Um homem suspeito de ser “Stakeknife”, Freddie Scappaticci, morreu em 2023, aos 77 anos. Admitiu ter sido membro do IRA até 1990, mas negou trabalhar para os serviços de informação britânicos.
Os autores do relatório pedem ao Governo que divulgue a identidade deste agente, que está protegida pelo seu estatuto.
Os autores do relatório realçaram as dificuldades em obter determinadas informações.
O MI5 forneceu informações aos investigadores com atraso. Isto representa “uma falha significativa” por parte do serviço de informações, criticou Iain Livingstone, responsável pela investigação.
“Estes novos documentos revelaram que o MI5 tinha um conhecimento mais vasto e prévio sobre Stakeknife do que se dizia anteriormente”, apontou.
Após a publicação do relatório, o responsável do MI5, Ken McCallum, apresentou as suas condolências às vítimas e às suas famílias.
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