Os três jovens que atropelaram um agente da Polícia de Segurança Pública (PSP) após desobedecerem a uma ordem de paragem da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, foram acusados de vários crimes, incluindo tentativa de homicídio.
Num comunicado, divulgado esta quarta-feira, a Procuradoria da República da Comarca de Lisboa indica que o Ministério Público deduziu acusação contra três arguidos pela prática dos crimes de condução perigosa de veículo rodoviário, resistência e coação sobre funcionário, homicídio qualificado, na forma tentada, detenção de arma proibida, tráfico de estupefacientes de menor gravidade, desobediência e dano qualificado.
O crime ocorreu a 2 de junho de 2025, quando os jovens desobedeceram à ordem de paragem de um agente da PSP e “colocaram-se em fuga, circulando a velocidade superior à permitida na Ponte 25 de Abril e em diversas artérias da cidade de Lisboa”.
“Durante o percurso não cumpriram diversas regras de trânsito, tendo circulado muitas vezes em sentido contrário ao do trânsito, atuação que culminou no atropelamento do agente da PSP que os tinha perseguido”, indica a nota.
Num primeiro momento, o polícia, que seguia de motociclo, foi lançado para o chão e depois viu o carro dos arguidos passar-lhe por cima de parte superior do corpo, “tendo sofrido politraumatismos, designadamente trauma da grelha costal à direita, fratura de arcos costais que provocaram perfuração de um pulmão e do fígado, e múltiplas escoriações e feridas abrasivas”.
Segundo a procuradoria, dois dos arguidos encontram-se em prisão preventiva, desde 6 e 18 de junho, enquanto o terceiro está sujeito a medidas não privativas da liberdade.
Suspeitos livraram-se de arma e droga antes de atropelamento
No dia seguinte ao crime, a PSP indicou que deteve um homem de 22 anos e uma jovem de 16 anos foram detidos por suspeita de estarem envolvidos no atropelamento de um polícia.
Na altura, em comunicado, a PSP indicou que o agente estava internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, “estável”, mas com várias lesões, nomeadamente “ao nível da grelha costal, pulmões, fígado, cabeça e perna esquerda”.
Segundo a autoridade, o condutor desobedeceu a uma ordem de paragem na Praça das Portagens da Ponte 25 de Abril, em Almada, onde decorria uma operação de fiscalização, vindo, posteriormente, a ser intercetada em Lisboa, na freguesia de São Domingos de Benfica.
Nessa altura, “e de forma inusitada, o condutor da viatura suspeita terá efetuado marcha-atrás, brusca e violentamente, embatendo num motociclo policial e atropelando um polícia, passando por cima do corpo” do agente “pelo menos duas vezes”.
Segundo a Direção Nacional da PSP, o agente ainda efetuou dois disparos, mas tal não foi suficiente para dissuadir “o comportamento hostil”, tendo dois homens conseguido fugir a pé.
Ainda antes do atropelamento, acrescentou a PSP, o condutor da viatura atirou pela janela uma arma de fogo e dois sacos de plástico com produto suspeito de ser droga.
“No local [do atropelamento], com ajuda de um popular, foi retida e intercetada uma terceira ocupante da viatura suspeita”, uma mulher de 16 anos de idade, refere a PSP na nota.
Já na madrugada seguinte, “depois de várias diligências policiais”, a PSP de Faro, com o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR), localizou e intercetou em Albufeira, no Algarve, o homem de 22 anos e uma mulher de 19 anos.
Segundo explicou à Lusa o porta-voz da PSP, Sérgio Soares, a mulher poderia “não estar envolvida no caso”, uma vez que “a perceção do agente que foi atropelado é que terão sido dois homens a fugir”.
