Vangelis Pavlidis tem sido um dos nomes em destaque neste início de época do Benfica. A esse propósito, o avançado concedeu, esta quinta-feira, uma extensa entrevista ao portal Athletiko, da Grécia, na qual abordou, entre outros temas, os 100 milhões de euros exigidos pelo Benfica para a sua transferência.
Contratado ao AZ Alkmaar há duas épocas, Pavlidis tem contrato com as águias até junho de 2029 e com uma cláusula de rescisão de 100 milhões de euros, um valor que surpreende o próprio avançado grego.
“Quando vejo coisas assim, nem consigo pensar nisso. Digo sempre que são exageros. Não sei por que razão escrevem isso, como é que escrevem ou onde encontram (as notícias de transferências). É um exagero. Ler 100 milhões… Sei onde comecei, mas o futuro nunca se sabe. Se me perguntassem há cinco anos onde é que estaria, se estaria no Benfica e se teria marcado estes golos, diria que estavam loucos. Estou a aproveitar, a passar um bom momento. Estou a gostar da minha vida aqui, e o que tiver de acontecer no futuro, acontecerá. Acredito no destino. Cheguei a fazer planos nos verões passados que nunca aconteceram”, começou por dizer o dianteiro, mostrando-se surpreendido com a dimensão do Benfica.
“Não se pode comparar o Benfica ao AZ Alkmaar, com todo o respeito. A exigência que existe aqui por parte dos adeptos é enorme. Tens de entrar em campo todas as semanas não só para ganhar, tens de ganhar por 3-0. É o que as pessoas pedem. Bom futebol, pedem que mostres que és jogador do Benfica e que, para jogares no Benfica, tens de ter a qualidade de um jogador à Benfica. É assim que vejo. Há adeptos em todo o lado”, sustentou o grego.
“O que fizeram agora com as eleições, 93 mil pessoas a votar? É quase o dobro do segundo [registo], o Barcelona. Quando jogas um particular e tens 50 mil pessoas no estádio… Não é normal. Quantas equipas no mundo conseguem algo assim? Não vim para cá para que as pessoas me acariciem os ouvidos. Vou sempre ouvir as críticas. Não somos assim tão egoístas. Os jogadores de futebol não são egoístas ao ponto de quererem que o seu hobby seja a sua profissão e que ninguém lhes diga nada. Sei que tenho de dar 100% em todos os jogos. E quando dás 100% e as coisas não correm bem, acreditas que eventualmente tudo se vai resolver. E resolve-se”, acrescentou ainda.
Questionado sobre as diferenças entre o campeonato dos Países Baixos e o de Portugal, o grego disse que o futebol luso tem mais “antijogo”.
“Pessoalmente, considero que a Eredivisie está num nível muito elevado. É de grande qualidade. Exige muita técnica, corre-se muito, é muito veloz. E bem mais aberta. As equipas querem dar espetáculo, não se fecham. Quando estava no Willem, tentávamos jogar contra o PSV olhos nos olhos. Aqui, em Portugal, é mais tático, mais bloco baixo. Serve mais para atrasar o jogo, é diferente. Joga-se mais para o resultado do que para a exibição. A equipa mais pequena vai tentar, desde o primeiro minuto, fazer antijogo para tirar algo do jogo, mesmo que seja um ponto. Nos Países Baixos, não se joga para o empate”, sublinhou.
Pavlidis deixou ainda rasgados elogios a José Mourinho.
“É especial. Um treinador muito especial. Aquilo que mostra nas conferências é muito diferente daquilo que é no dia-a-dia. É muito mais simples, descontraído. Trabalhar com ele tem sido, em primeiro lugar, uma experiência muito grande para mim. É alguém muito exigente no treino. Nesse momento não há brincadeira. Mas fora do treino, conta as suas histórias, as suas piadas, brinca connosco… É especial, mesmo. Na conferência antes do jogo com o Ajax estive com ele na sala de imprensa e era como se estivesse a ver aquilo no YouTube. Como quando víamos as coisas dele no YouTube. Só que estava tudo ali. A quantidade de experiências que podemos ter num curto espaço de tempo com uma pessoa destas… O futebol é assim”, finalizou.