“Não são aviões alugados, são aviões próprios da LAM”, declarou Agostinho Langa, presidente do conselho de administração dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), empresa acionista na companhia aérea de bandeira moçambicana, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.
As aeronaves, de 100 lugares, custaram 25 milhões de dólares (21 milhões de euros) e estão certificadas no nível “‘standard’ europeu”, garantiu Langa, acrescentando que “voavam na Holanda (…) e têm todas as manutenções feitas”.
Segundo o responsável, as aeronaves chegaram na noite de sábado, mas sem as cores das LAM devido a atrasos na sua disponibilização.
“Pensamos que no início do próximo mês os espaços já vão se abrir (…) para os aviões serem pintados nas cores da LAM” referiu Agostinho Langa, garantindo que “estão prontos e em condições” de voar, avançando ainda que foram treinados 20 pilotos para operar as aeronaves, 12 dos quais já estão em Moçambique e oito deverão chegar nos próximos dias.
O responsável recordou que tinham sido prometidos, até ao fim deste ano, entre cinco e seis aviões, mas não se conseguiu atingir a meta, estando em curso trabalhos para novas aquisições durante o primeiro trimestre de 2026.
“Estamos a cumprir a missão que nos foi encarregue (…) este é um pequeno passo para a LAM porque nós sabemos que a nossa meta não é esta”, assinalou o Agostinho Langa, acrescentando que se vai reforçar a frota com “mais um Airbus” nos próximos dias para responder à demanda das festas de Natal e fim de ano.
O ministro dos Transportes e Logística moçambicano, João Matlombe, disse que não é ainda o tempo para celebração porque “os desafios são enormes” e está ciente de que se deu “apenas um passo diante de um problema bastante complexo”.
“Mas também não podemos, com humildade, deixar de reconhecer e com alguma satisfação o esforço que a empresa, o grupo de acionistas que está a líder neste momento tem estado a empreender nos últimos 10 meses desde que nós assumimos este novo ciclo de governação”, disse Matlombe.
Segundo o ministro moçambicano, os acionistas conseguiram “ressuscitar a empresa”, garantindo previsibilidade das viagens, além de estabilizar o volume de vendas e despesas.
“A fase que se segue é a mais difícil. Nós prevíamos, como disse muito bem o PCA, oferecer seis aeronaves, lamentavelmente não estamos a apresentar, mas também não baixamos a cabeça (…). Não é por falta de dinheiro, é porque o processo é exigente”, explicou João Matlombe.
A LAM já tinha alugado em outubro um Airbus A319 na Ucrânia, com capacidade para transportar 144 passageiros, para “reforçar a sua frota”, anunciou então o Ministério dos Transportes moçambicano.
Segundo o ministério moçambicano, a companhia conta, atualmente, com seis aeronaves, das quais cinco alugadas e um Bombardier Q400 recentemente adquirido, a primeira em 18 anos.
Em 23 de setembro, o Governo moçambicano reconheceu dificuldades na reestruturação da LAM, mas sublinhou que o objetivo é garantir uma companhia funcional e segura, com a previsão, na altura, de aquisição de cinco aeronaves até dezembro.
A LAM enfrenta há vários anos problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves, estando atualmente num profundo processo de reestruturação.
A estatal moçambicana deixou praticamente de realizar voos internacionais já este ano, concentrando-se nas ligações internas, no âmbito do processo de reestruturação que levou também à entrada de uma nova administração em maio e das empresas públicas Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), CFM e Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), como acionistas.
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