FC Porto old school. Francesco, esses “todos” estão na sala connosco?

Líder destacado da I Liga, imaculado na Taça de Portugal e com ‘um pé’ nos oitavos de final da Liga Europa. Com exceção da eliminação da Taça da Liga, o percurso do FC Porto na temporada de 2025/26 está a roçar o brilhantismo, reunindo (justos) elogios de todos os quadrantes face à clareza com que se apresenta em campo.

 

Nenhuma equipa é perfeita, e, como tal, também os dragões vão apresentando algumas pechas, aqui e ali, ora ao nível da escassez de soluções do plantel, ora ao da rigidez do sistema tático. Mas será assim tão descabido levar a cabo uma análise daquilo que pode vir a causar-lhe apuros, numa fase mais adiantada da época? Aparentemente, para Francesco Farioli, sim.

Na conferência de imprensa de antevisão à receção ao Malmo, o treinador italiano surpreendeu tudo e todos, ao falar um português fluente, para enviar uma mensagem clara: “Juntos, contra todos”. Mas, afinal, quem são estes “todos”? E porquê toda esta necessidade de fazer uma separação entre o FC Porto e o resto do mundo?

Isto, porque não é a primeira vez que Francesco Farioli tem uma tirada deste género. Já em outubro, na véspera do Clássico com o Benfica, referiu-se ao Porto como “uma cidade onde as pessoas acordam cedo pela manhã para ir trabalhar e voltam muito tarde e cansadas para junto da família”. Será o resto do país assim tão privilegiado?

No FC Porto, esta urgência de criar uma ‘bolha’ não é uma novidade, e nem sequer é preciso recordar episódios mais infelizes do passado. Mas Francesco Farioli, tal como André Villas-Boas, foi ‘vendido’ como uma lufada de ar fresco no futebol português, que, afinal, parece não passar de uma brisa (mal) perfumada.

Juntos, vão personificando o que de pior já por cá havia. O treinador, recorde-se, deu a ‘tacada’ inicial aos árbitros no lançamento da visita a Alvalade, quando falou na dificuldade em “ver os adversários com 11, diante do Sporting”, e, mais tarde, o presidente foi ao ponto de procurar condicionar Fábio Veríssimo, com a famosa televisão em ‘loop’, no balneário.

Todo um conjunto de episódios que se vão multiplicando, sem razão aparente. Mas, afinal, quem é que ousou contestar a liderança do FC Porto? Frederico Varandas e Rui Borges já insistiram que a distância do Sporting se deve a “culpa própria”. Rui Costa e José Mourinho, por seu lado, nunca colocaram em causa a justiça desportiva de tamanho fosso.

A própria Liga demonstrou abertura e procedeu ao reagendamento dos jogos com AVS e Santa Clara, depois de esta dupla luso-italiana ter vindo a público queixar-se de não merecer “o mesmo tratamento dos rivais”, pelo que não se percebe, ao certo, qual a necessidade de tamanha mania da perseguição.

Se o discurso (e as atitudes) já é o que é quando a equipa está num bom momento, o que é que será dito quando (e se) esta passar por uma fase mais delicada? Ruben Amorim disse, em tempos, que gostaria de ser lembrado como “alguém que não se deixou levar pelos fantasmas”. Uma expressão que, poderia, porventura, merecer reflexão, no FC Porto.

Das contas europeias ao recado… em português. Tudo o que disse Farioli

Francesco Farioli desvaloriza o “ruído” instalado em torno do FC Porto e aponta ao triunfo sobre o Malmo, para que seja possível fazer os “15 a 16 pontos” necessários para garantir o acesso direto aos oitavos de final da Liga Europa.

Carlos Pereira Fernandes | 13:26 – 10/12/2025

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