Alexandra Leitão defendeu, na noite de domingo, no programa “O Princípio da Incerteza”, da CNN Portugal, que a greve geral “não é uma questão de Esquerda ou Direita, apesar do Governo a ter tentado colocar assim”.
Para a socialista a adesão ao protesto foi “significativa” e que “demonstra um distanciamento entre as pessoas, os cidadãos, o povo, os trabalhadores e a proposta que o Governo colocou em cima da mesa” e que “peca pela forma e pelo conteúdo”.
“Foi apresentada com arrogância, como um facto consumado mas o conteúdo também é grave”, notou, reiterando que a greve geral de quinta-feira, 11 de dezembro, foi “expressiva” e “isso foi visível” e o Governo “não lidou bem” com ela.
“Além deste processo estar a ser mal conduzido desde o início, do conteúdo da proposta ser mau, mesmo com a greve lidaram mal. Até tenho apreço pelo ministro Leitão Amaro, que conheço há muitos anos, mas o que ele disse sobre uma greve, para além de não ser real, é aviltante quase, parece provocatório. Não percebo qual é o interesse do Governo em provocar os trabalhadores”, atirou, acrescentando que esta “reforma laboral merece grande contestação da parte dos sindicatos em geral”.
Antes de concluir a sua análise à greve geral, Alexandra Leitão recordou ainda que isto não acontecia há 12 anos e que “só aconteceu três ou quatro vezes” em democracia, por isso, não é uma coisa gratuita, uma coisa que os trabalhadores “andem a fazer dia sim, dia não”.
Pedro Duarte, presidente da Câmara Municipal do Porto, admitiu, no mesmo programa, que dizer que a greve geral foi “inexpressiva” é um “exagero”, até porque “quando falamos de uma greve geral confundimos o que é a adesão com o impacto”. No entanto, também não considera que a adesão tenha sido “massiva”
“Ora, uma greve geral tem, à partida, garantindo um impacto forte na nossa sociedade. Precisamente por ser geral, há um conjunto de sectores que são sempre afetados e não é preciso uma grande adesão para serem afetados. Basta dar o exemplo das escolas. Se fizerem greve dois ou três auxiliares, a escola toda fecha. Nos transportes públicos também. O impacto é significativo. Do ponto de vista simbólico, mediático, é um dia importante, como é evidente. Agora também não podemos dizer que a adesão foi massiva. Manifestamente isso não aconteceu”, salientou.
Apesar de não querer entrar “na guerra dos números”, o social-democrata acredita que “a maioria dos portugueses não aderiu à greve”. No entanto, na sua opinião “isso não desvaloriza uma greve geral”, fez foi com os sindicatos perdessem o seu “maior trunfo”.
“A partir de agora, ainda faltam imensas semanas para fechar o pacote laboral e não sei agora com o que é que os sindicatos vão poder negociar. Com que armas, com que trunfos. A ameaça de uma nova greve geral já é forçada e não deve ter a mesma adesão que teve esta”, concluiu.
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