A Netflix e a Paramount Skydance continuam em ‘guerra’ pela aquisição da Warner Bros, da HBO e da HBO Max, com os dois lados a trocarem argumentos a propósito de quem tem mais legitimidade para completar a compra.
Um dos CEOs da Netflix, Greg Peters, aproveitou a UBS’ 2025 Global Media and Communications Conference para afirmar que a aquisição da Warner Bros, da HBO e da HBO Max pela empresa não colocaria qualquer problema para a concorrência, indicando que o YouTube ainda continuaria com mais tempo de visualização.
“Iremos dos 8% de visualizações que temos hoje nos EUA para 9%”, afirmou Peters, baseando-se em números da Nielsen sobre o que aconteceria caso a aquisição da HBO Max fosse completada. “Ainda estaremos atrás do YouTube, que tem 13%. Achamos que existem fundamentos muito fortes e que é por isso que os reguladores devem aprovar este negócio”.
O motivo para Peters recorrer a estes números prende-se com a Paramount Skydance que, caso conseguisse comprar a Warner Bros. Discovery na sua totalidade, passaria a ter 13,8% de visualizações nos EUA – mais do que a Netflix e o YouTube.
Sem surpresa, esta é uma tese que não convence o CEO da Paramount Skydance, David Ellison, que, em entrevista à CNBC, fez uma analogia do argumento de Peters com a Coca-Cola e a Pepsi.
“É como dizer que a Coca-Cola pode comprar a Pepsi, que ambas são bebidas porque a [cerveja] Budweiser é uma substituta para Coca-Cola. Não é um argumento realista”, explicou Ellison. “Vamos olhar agora para a comunidade de talentos, para os maiores ‘showrunners’ do mundo. O David Benioff não vai levar a próxima ‘Guerra dos Tronos’ para o TikTok ou para o Instagram. Vai levar para a Netflix, para a Amazon, para a Apple, para HBO Max, para a Paramount Plus. Não é assim que o ecossistema funciona. Se este negócio for aprovado, é anticompetitivo e é horrível para Hollywood. Falando como alguém que passou os últimos 15 anos a produzir filmes e séries de televisão, esta é uma indústria que adoro, é um momento existencial para o nosso negócio e acredito que o que estamos a oferecer [na Paramount Skydance] é o melhor para Hollywood. É melhor para os clientes e é pró-concorrência”.
Os analistas contactados pela Reuters não acreditam que as entidades reguladoras aceitem a tese de que o YouTube é o maior concorrente da Netflix, notando que as duas plataformas têm conteúdos distintos, diferentes tipos de público e até modelos de negócio que não se comparam.
“A Netflix está a tentar dizer que compete com o YouTube porque as pessoas apenas assistem a uma determinada quantidade de conteúdo por dia”, notou o analista Abiel Garcia da Kesselman Brantly Stockinger. “Esse argumento acaba por falhar”.
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