A notícia chegou no fim de semana, morreu aos 76 anos o músico Nuno Rodrigues. O músico e editor Nuno Rodrigues, fundador do grupo Banda do Casaco e da editora Companhia Nacional de Música, morreu no Hospital de Cascais.
Rui Veloso foi um dos primeiros grandes nomes da música portuguesa a lamentar publicamente a perda.
O intérprete de “Porto Sentido” recordou a importância que Nuno Rodrigues teve na sua vida enquanto um dos responsáveis pelo lançamento do seu primeiro álbum: “Ar De Rock”.
“Não falava com o Nuno há uns 5 ou 6 anos, nem sabia que estava doente. Sempre gostei dele, um criativo, desde os tempos da Banda Do Casaco, das primeiras coisas que, muito jovem, me surpreenderam musicalmente em Portugal. Já o conhecia antes de o conhecer.
Foi ele que atendeu a minha mãe com as bobines 1/4 de polegada que levou à Valentim de Carvalho. Foi ele que ouviu em primeira mão e o responsável por não se terem deitado fora as canções. A ele se deve o «Ar De Rock». E ao Chico e ao Pinho. Tenho muita pena, amigo Nuno, tínhamos ainda muito para conversar… Gostei de te conhecer”, disse o músico português, que tem atualmente 68 anos.
A homenagem do vocalista dos UHF
António Manuel Ribeiro, vocalista dos UHF, recorreu igualmente às redes sociais para homenagear Nuno Rodrigues.
“O Nuno, os UHF e um delay. Deixou ontem esta fisicalidade o Nuno Rodrigues, mentor da Banda do Casaco, de parceria com o António Avelar Pinho, actividade musical que partilhava com a função de dirigir o departamento de Artistas & Repertório (A&R) da editora Valentim de Carvalho, em parceria com o senhor Mário Martins”, começou por escrever.
O vocalista dos UHF conheceu Nuno Rodrigues em 1980, precisamente na editora Valentim de Carvalho. Naquele mesmo dia, numa tarde de primavera, assinou um “contrato de 5 anos para os UHF”.
“Foi o produtor do single que tinha a canção «Cavalos de Corrida» (1980), que tanto mudou na minha vida, porventura tudo, assim como abriu as portas à juventude daquele tempo – havia um som novo a fervilhar nas ruas, nos estrados a que chamávamos palcos, na rádio e na TV. Era uma maré, resultado de um tsunami com epicentro na Costa de Caparica/Almada.
Duas semanas depois estávamos a finalizar a mistura dos «Cavalos de Corrida» quando chegou um embrulho, que vinha do Japão: era um delay analógico Yamaha. O Nuno começou a experimentar «a nova máquina», programando a repetição »tu és, tu és, tu és», que se ouve a fechar a canção. Éramos 4 em estúdio: o Nuno, o senhor Hugo Ribeiro (engenheiro de som), o Fernando Cortez (que cortava o acetato para o vinil) e eu. Com eles aprendi muito. O Nuno Rodrigues foi também o co-produtor do LP «À Flor da pele» (1981). Obrigado, Nuno”, completou o músico.
