A Comissão Europeia (CE) abandonou hoje a meta de alcançar em 2035 o fim da produção de carros com motores a combustão, fixando a quota de carros elétricos ou a hidrogénio nos 90%.
Assim, a partir de 2035, é obrigatória a redução de 90% das emissões de gases poluentes do setor dos transportes, sendo os restantes 10% compensados com a utilização de aço de baixo carbono produzido na União Europeia (UE), uso de combustíveis sintéticos (‘e-fuels’) e de biocombustíveis.
Num comentário ao anúncio de que vai ser possível “continuar a produzir automóveis com motores de combustão depois de 2035”, Catarina Grilo, diretora de Conservação e Políticas da WWF Portugal, considerou-o mais um adiamento de metas ambientais e enfraquecimento das exigências ambientais da União Europeia (UE).
“Sob o pretexto da competitividade, face a um setor de produção automóvel que marca passo em se adaptar à produção de modelos elétricos, prejudicam-se as empresas que fizeram investimentos avultados nessa adaptação tecnológica, e não se reduzem o mais possível as emissões poluentes do setor dos transportes, prejudiciais à saúde humana e ao clima. Perdem as empresas, a competitividade da UE, as pessoas e o clima”, disse Catarina Grilo.
Também a associação ambientalista Quercus lamentou a decisão da CE, considerando que não reduz as emissões de dióxido de carbono (CO2) e vai permitir que veículos de combustão interna continuem a ser relevantes após 2035.
“Esta alteração não é surpreendente e vem no seguimento de um claro posicionamento de um grupo de políticos europeus que consideram que sustentabilidade e descarbonização são opostos ao crescimento económico”, disse a Quercus.
Este é apenas mais um exemplo, afirma a associação, “do adiamento dos objetivos concretos definidos pela UE para a transição energética”.
E tal acontece, frisa, quando já se atingiram os 1,5ºC de aquecimento global acima da época pré-industrial, e pouco tempo após a conferência da ONU sobre o clima na qual foram reafirmados os objetivos da União Europeia.
“Estamos mais uma vez apenas a adiar uma meta inadiável e a apostar as nossas vidas face a futuras cheias e incêndios que agora se repetem mais e maiores todos os anos”, diz a Quercus.
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