O plantel do Santa Clara recorreu, esta sexta-feira, às redes sociais para contestar a falta de descanso, tendo em vista o próximo jogo, com o Arouca, para a ronda 15 do campeonato.
Os comandados de Vasco Matos vão ter menos de 72 horas para preparar a receção aos arouquenses, depois de terem ido a prolongamento com o Sporting [derrota por 2-3) nos oitavos de final da Taça de Portugal. Um jogo, refira-se, muito polémico, pela atuação do árbitro João Pinheiro, sobretudo no lance da grande penalidade assinalada já em tempo de compensação, que permitiu os leões chegarem ao empate (2-2).
Nas redes sociais, a mensagem foi dirigida à Liga Portugal, mas também ao Sindicato dos Jogadores.
“Nós, jogadores do Santa Clara queremos protestar por sermos obrigados pela Liga Portugal a jogar frente ao Arouca com menos de 72 horas de descanso, devido ao facto de o jogo ter ido a prolongamento. Este mesmo facto já devia ter sido considerado na marcação do jogo, viste que, na época passada, em Alvalade, o nosso jogo já tinha ido a prolongamento, tal como aconteceu nesta edição da Taça. Lamentamos o facto de o sindicato dos jogadores não se pronunciar em nossa defesa, colocando-nos, por falta de descanso, até em risco de lesões. Seguimos juntos e unidos, a trabalhar com profissionalismo para honrar o nosso clube e a nossa região. No entanto, exigimos respeito e profissionalismo de todas as entidades”, pode ler-se numa story de Instagram partilhada por todo os jogadores do emblema açoriano, atual 11.º classificado da I Liga.
Mensagem de protesto do plantel do Santa Clara
Antes do jogo com o Sporting, o Santa Clara, recorde-se, já tinha manifestado a sua indignação pelo facto de a equipa ter tido menos descanso que os bicampeões nacionais e vencedores da Taça de Portugal. Os leões jogaram no sábado, dia 13, enquanto os açorianos entraram em campo na segunda-feira, dia 15, uma vez que o Sporting de Braga tinha disputado um jogo europeu em França, na quinta-feira anterior.
Entretanto, o Sindicato dos Jogadores já se pronunciou sobre esta situação.
“O Sindicato dos Jogadores manifesta total compreensão e solidariedade com a revolta do plantel do Santa Clara, relacionada com a falta de descanso e preparação adequada do próximo jogo frente ao Arouca, depois de um jogo com prolongamento para a Taça de Portugal.
O problema da sobrecarga competitiva e da má gestão dos calendários está na agenda do Sindicato dos Jogadores e da FIFPRO, a nível internacional, há vários anos, com estudos anuais que indicam a necessidade de medidas que protejam a saúde, física e mental, e o bem-estar dos atletas.
Nenhuma outra organização desportiva tem trabalhado esta matéria como o Sindicato dos Jogadores, procurando, por todos os meios políticos e institucionais ao seu alcance, colocar o tema nas prioridades da Liga, da Federação e do Governo.
Salienta-se, aliás, que a gestão dos calendários é feita exclusivamente pela Liga e as decisões sobre marcação ou adiamento de jogos regulamentadas entre clubes, não havendo dos protagonistas do jogo, infelizmente, um direito a intervir e vetar decisões que põem em risco a sua saúde e bem-estar, potenciando o risco de lesões.
Assim, o Sindicato dos Jogadores adere com total empenho às reivindicações dos jogadores do Santa Clara, acolhendo as suas preocupações e dando-lhes as boas vindas a esta luta de toda a classe.
Esperamos que haja a capacidade da Liga e dos clubes envolvidos – Santa Clara e Arouca – para encontrar uma solução para este problema, mas também que haja uma reflexão séria em Portugal sobre a organização dos calendários e medidas que protejam os jogadores, sobrecarregados por: número de jogos; falta de descanso no intervalo entre jogos; viagens e períodos de concentração contínuos sem o respeito pelos períodos de repouso ou férias.
Todos estes problemas põem em causa os profissionais e a integridade da competição.
O Sindicato dos Jogadores desafia, ainda, os clubes lesados a aderirem a esta luta, de uma forma regular e concertada para uma efetiva mudança e não apenas a reagir, quando surge um problema.
A saúde dos jogadores estará sempre em primeiro lugar e, acima de qualquer valor, é irrenunciável e defendemos uma ação musculada de toda a classe para a defesa desse direito”, pode ler-se na nota oficial emitida.
Leia Também: Aposta de Mourinho na formação do Benfica é real? “Ganhou a fama errada”
