O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, foi taxativo esta segunda-feira ao dizer que o reconhecimento da The Economist ao considerar Portugal a “economia do ano” de 2025 é “mérito do trabalho dos portugueses, sem dúvida”.
“É muito gratificante que possamos nesta altura do ano ver uma revista tão prestigiada como a The Economist dizer que, globalmente, usando vários indicadores como a inflação (que está controlada), o crescimento económico (que está acima da média europeia, e bastante acima), o desempenho da bolsa de valores, o crescimento emprego… Tudo isso faz um mix que coloca Portugal no primeiro lugar”, explicou em entrevista ao Primeiro Jornal da SIC Notícias.
A revista britânica, recorde-se, escolheu Portugal como a “economia do ano” de 2025 no domingo, dia 7 de dezembro, destronando Espanha, que tinha ganhado o ano passado.
Manuel Castro Almeida, contudo, reconheceu que apesar da “muito boa notícia” que foi este reconhecimento, “em casa” as pessoas podem não compreender como é que Portugal pode ser escolhido como a “economia do ano”.
“As pessoas que estão em casa dizem: ‘então, mas estamos em primeiro lugar e está tão bem assim e eu não sinto nada na minha vida ou sinto pouco?’”, questionou, pondo-se no lugar da maioria dos portugueses.
E explicou: “O que a The Economist vem dizer é que Portugal em 2025 deu um salto maior do que os outros, só que partimos muito de trás”. Portugal, continuou o ministro, não passou de “pobre a rico”. “Passámos é de muito pobres a um pouco menos pobres. Demos o maior salto de todos, mas continuamos a ser um país com grandes desigualdades”, acrescentou.
Greve geral? “Para mim, é incompreensível”
Apesar de admitir que a situação socioeconómica do país continua difícil, Castro Almeida confessou que acha “um bocadinho estranho o timing desta greve” geral, que acontece já esta quinta-feira, a 11 de novembro.
“Para mim, é incompreensível. A greve é legítima, não tenho nenhuma dúvida sobre isso, mas o tempo em que ela é feita é incompreensível. E eu estou convencido de que se perguntar à maior parte dos portugueses – se for à rua fazer uma sondagem – porque é que está marcada uma greve geral, a maior parte das pessoas não sabe dizer-lhe porquê”, afirmou, sem, no entanto, esclarecer se acha que a convocação da greve tem motivações políticas.
Para o ministro, a greve “é um sinal que o Governo deve respeitar”, mas que não será algo que “pode mudar o caminho, quando este caminho está a mostrar-se tão correto”, frisou, voltando ao reconhecimento da The Economist da economia nacional.
“Somos considerados o melhor desempenho económico do ano. Devemos mudar a trajetória? Não faz sentido”, reiterou, dizendo ainda que o Governo tem o objetivo de modernizar a economia e que esse objetivo não vai ser abandonado.
“Agora, se é mais por esta medida, menos com aquela, se os trabalhadores estão disponíveis para dar mais rapidamente, menos rapidamente, qual é o ritmo dessa transformação é uma coisa que está a ser negociada e vai continuar a ser negociada e deve ser negociada”, acrescentou, frisando que “desejavelmente deveria haver um acordo em concertação social” antes da reforma laboral ser votada no Parlamento.
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