Nobel da Paz entregue hoje a Corina Machado, mas presença é incerta

A Venezuela também atravessa um clima de tensão com os Estados Unidos, situação que desencadeou a suspensão de muitos voos internacionais, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado o encerramento do espaço aéreo venezuelano.

 

O Nobel da Paz foi atribuído este ano à opositora venezuelana María Corina Machado “enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela”, mas, como defensora da vitória do líder da oposição Edmundo González nas eleições presidenciais de julho de 2024, a ativista é um alvo do regime liderado pelo Presidente Nicolás Maduro.

A sua presença na cerimónia do Nobel tem sido uma incógnita desde a atribuição do prémio, a 10 de outubro.

Inicialmente, em outubro, María Corina Machado disse a um jornal norueguês que só viajaria para a capital da Noruega se a Venezuela estivesse “livre” e explicou que, enquanto Nicolás Maduro estiver no poder, não pode abandonar o local onde se encontra “por motivos de segurança”.

Mais tarde, a opositora acabou por anunciar que estaria na cerimónia de Oslo, tendo mesmo marcado uma conferência de imprensa para terça-feira, naquela que seria a primeira vez que surgiria em público desde janeiro.

A conferência de imprensa foi inicialmente adiada e depois cancelada, sem que o Comité Nobel norueguês tenha avançado os motivos.

A sua presença em Oslo ter-se-á também tornado mais difícil quando várias companhias aéreas internacionais, incluindo a TAP, decidiram suspender as suas operações naquele país na sequência de alertas feitos pelas autoridades norte-americanas sobre os perigos de sobrevoar a região, decorrentes do destacamento militar de Washington nas Caraíbas.

Ainda assim, María Corina Machado tem já em Oslo vários representantes, como a sua mãe, Corina Parisca, a irmã, Clara Machado, e a filha, Ana Corina Sosa.

Além da sua família, também estará presente na cerimónia o líder da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, exilado em Espanha, assim como os presidentes da Argentina, Javier Milei, do Paraguai, Santiago Peña, e do Panamá, José Raúl Mulino.

Estes dois últimos deverão receber o Prémio Nobel da Paz em nome de María Corina Machado caso a opositora não compareça na cerimónia.

A participação dos líderes latino-americanos na cerimónia foi criticada pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que apelidou os chefes de Estado em causa de “vagabundos” e “proxenetas”.

A congressista norte-americana republicana Maria Elvira Salazar também estará na cerimónia em Oslo.

O anúncio da atribuição do Prémio Nobel da Paz 2025 foi feito no dia 10 de outubro, tendo o Comité Nobel explicado a escolha da opositora e ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014 com o “seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e a sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.

Sublinhando que o Prémio Nobel da Paz foi atribuído, este ano, a uma “corajosa e empenhada defensora da paz”, o porta-voz do Comité do Nobel justificou tratar-se de “uma mulher que mantém a chama da democracia acesa no meio da crescente escuridão”.

Fundadora da Súmate, uma organização dedicada ao desenvolvimento democrático, María Corina Machado “defende eleições livres e justas há mais de 20 anos”, referiu na ocasião o Comité, lembrando uma declaração da própria: “Foi uma escolha de votos em vez de balas”.

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