O resultado da autópsia ao corpo de Cláudio Neves Valente, o português de 48 anos suspeito de ter assassinado dois estudantes da Universidade de Brown e o também português Nuno Loureiro, já é conhecido.
Segundo uma nota do Departamento da Justiça de New Hampshire, a autópsia concluiu que o suspeito morreu de um tiro na cabeça e que tirou a própria vida. “Com base nos resultados dos exames e nas informações investigativas disponíveis até o momento, estima-se que o Sr. Neves Valente tenha falecido a 16 de dezembro de 2025” – no dia a seguir a, alegadamente, ter disparado sobre Nuno Loureiro.
Cláudio Valente, recorde-se foi encontrado morto na quinta-feira, 18 de dezembro, num armazém em Salem, New Hampshire. Já na altura as autoridades suspeitavam que o português tivesse tirado a sua própria vida.
Cláudio tinha ligações a Brown e a Nuno Loureiro
As motivações para os crimes de Cláudio ainda são desconhecidas, no entanto, sabe-se que o homem era um antigo aluno da Universidade de Brown. A presidente da instituição, Christina Paxson, revelou que o português esteve matriculado entre 2000 e 2001 numa pós-graduação em Física. Contudo, a 13 de dezembro, quando abriu fogo na universidade (mais de 20 anos depois de ter saído) não mantinha lá qualquer vínculo.
O suspeito tinha também uma ligação a Nuno Loureiro – e que remonta há mesma altura. Entre 1995 e 2000 ambos frequentaram o mesmo programa académico no Instituto Superior Técnico de Lisboa. Cláudio Neves Valente chegou a trabalhar como monitor no estabelecimento de ensino, acabando por ter o seu contrato rescindido em 2000.
Cláudio Neves Valente, natural de Torres Novas, Santarém, de acordo com as autoridades, obteve o estatuto de residente permanente legal nos EUA em 2017.
Investigação chegou a Valente através do Reddit
Três dias depois do tiroteio em Brown, as autoridades seguiram uma pista de uma publicação na rede social Reddit.
“Estou a falar muito a sério. A polícia tem de investigar um Nissan cinzento com matrículas da Florida, possivelmente um carro alugado. Era o carro que ele estava a conduzir”, escreveu o utilizador, de acordo com um documento tornado público pela polícia de Providence.
A publicação, do dia 16 de dezembro, asseverava ainda que o veículo “estava estacionado em frente a uma pequeno abrigo atrás da Sociedade Histórica de Rhode Island, do lado da Cooke Street”. “Sei porque ele usou o comando para abrir o carro, aproximou-se dele e, depois, algo levou a que recuasse. Quando recuou, voltou a trancar o carro”, podia ainda ler-se, com o utilizador a continuar: “Achei estranho, por isso, quando ele deu a volta ao quarteirão, aproximei-me do carro e foi aí que vi a matrícula da Florida”.
Com esta pista, os investigadores foram rever os vídeos das câmaras de vigilância e conseguiram localizar o Nissan, corroborando as movimentações do encontro entre o suspeito e o homem que deu as informações no Reddit.
Valente foi “muito estratega neste plano”
Segundo o chefe da polícia de Providence, Oscar L. Perez, o português foi “estratega” enquanto cometia os crimes, adotando uma série de medidas evasivas para evitar ser detectado – nomeadamente, evitar aparelhos que lessem matrículas espalhados pela cidade.
“Na minha opinião, o indivíduo foi muito estratega neste plano”, disse Perez, acrescentando, sem muitos mais detalhes: “Utilizava certos métodos de direção e escolhia certos bairros para percorrer. Não escolhia as ruas principais”.
No local onde Valente foi encontrado morto, os investigadores encontraram (e apreenderam) duas pistolas Glock de 9 mm – uma delas com um dispositivo laser verde – carregadores de alta capacidade e um colete à prova de balas. Também encontraram o casaco com que que apareceu em vídeos e fotos divulgados pela polícia no início desta semana.
[Notícia atualizada às 22h53]
Precisa de falar com alguém? Está a viver uma situação de sofrimento emocional, violência física ou psicológica? Ou conhece alguém que possa estar em perigo? Reunimos aqui todos os contactos de apoio, gratuitos e confidenciais, para pedir ajuda ou orientar quem precisa.
Leia Também: Mortes nos EUA: Cláudio Valente foi “estratega” (e o que foi apreendido?)
