Pestana defende “bem comum da povoação” (que não é “investir em armas”)

O candidato presidencial André Pestana assume-se com um candidato antissistema e afirma não ter nada a esconder. Defende ainda uma “solução pacífica dos conflitos internacionais”, notando que não deve ser investido “nem mais um euro” nas guerras da NATO e Estados Unidos.

 

“Preenchi o que era necessário para concorrer às eleições presidenciais numa plataforma que existe ao nível da Transparência. Não tenho nada a esconder. Relativamente a isso, estou totalmente tranquilo”, começou por dizer, numa entrevista à SIC Notícias, quando questionado sobre o desafio que Luís Marques Mendes lançou aos candidatos para publicarem os seus rendimentos e conflitos de interesse. 

André Pestana, no entanto, salientou que o que não o “tranquiliza é a situação pela qual o país está a passar”.

“Foi isso que também me fez, perante o desafio de 50 pessoas no final do ano passado, aceitei concorrer às eleições presidenciais porque, de facto, os nossos jovens, os nossos idosos, quem trabalha neste país, merece mais e melhor. E, de facto, isso só é possível com políticas diferentes”, referiu.

Perguntado sobre se passar de líder sindical para a Presidência possa ser dar um salto, o coordenador nacional do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P.) reiterou que a sua candidatura foi um desafio de 50 pessoas, de várias áreas. No entanto, destacou que poderá dar o seu “contributo” ao país. 

“Eu acho que há muita coisa que está mal e é preciso dizer”, apontou, exemplificando com uma notícia do Expresso sobre os jovens serem hoje mais instruídos, mas estarem frustrados e mal-remunerados.

E acrescentou: “Isto é, de facto, não dar o que a nossa juventude precisa que é dignidade, nomeadamente na questão da habitação”.

Sobre o que é que um Presidente da República poderia fazer acerca desse assunto, André Pestana sublinhou: “Era fazer cumprir a Constituição no artigo 65, onde diz que o Estado tem obrigação de garantir a habitação”, salientando ainda a saúde e a escola pública e serviços à população.

O líder sindical defendeu ainda um salário máximo de dez salários mínimos, notando que “se há administradores que querem receber muito mais têm uma solução. É aumentar os salários de quem recebe menos na sua empresa”.

“Acho que seria assim uma sociedade mais justa. O que nós temos em Portugal, neste momento, é que temos administradores que recebem entre 150 a 200 vezes mais do que o trabalhador da mesma empresa que recebe menos”, afirmou.

É ainda contra o financiamento dos partidos políticos, explicando que com as subvenções, nas primeiras eleições europeias, André Ventura disse ter já “meio milhão de euros”. “O que acho que o português sente é: ‘Porque é que tem de ser com os nossos impostos que temos de pagar os outdoors, seja do Chega ou do PS ou do PSD”, apontou.

“Isto é factual. Todos os anos, recebem milhões dos nossos impostos”, disse, acrescentando que, para na sua óptica, seria para acabar com estas subvenções, defendendo que se um partido quer “encher o país com outdoors”, então esse dinheiro deve ser dos militantes e não com dinheiro do Estado ou das empresas. .

“Isto sim é que é ser antissistema porque todos os outros, incluindo André Ventura, claramente defendem isso”, sublinhou.

Já sobre o facto de se definir com um candidato antissistema, André Pestana afirmou ser constatar o óbvio.

E a política internacional?

Questionado acerca de não querer dar mais um euro para as guerras da NATO e para o negócio do armamento dos Estados Unidos e tendo em conta a atual situação no mundo, o candidato presidencial acredita que os que “os portugueses” não querem guerra com outros povos, mas sim “contra a precariedade, contra a falta de habitação, pelas maternidades fechadas”

André Pestana ressalvou ainda que Portugal “não tem tido uma muito posição muito clara” quanto ao “genocídio” a que se assiste na Palestina.

Sobre a guerra na Ucrânia, no Médio Oriente e a possível agressão dos Estados Unidos à Venezuela, o líder do S.T.O.P. recorre-se da Constituição Portuguesa, dizendo que, “no artigo 7”, a Constituição defende que “Portugal defenda a solução dos conflitos via pacífica”.

“O que nós estamos a ver é uma escalada, sem precedentes, a nível de gastos militares”, apontando, novamente, que o que “é necessário é fazer guerra” ao que os trabalhadores e reformados “sofrem” no dia-a-dia.

André Pestana salientou ainda que defende o que está na Constituição, relativamente à NATO, e que lá consta é a “dissolução dos blocos político-militares”.

“A prioridade de um país como Portugal deve ser estar ao lado dos povos que são oprimidos”, exemplificando com a Ucrânia, a Palestina e, “agora, com o risco da Venezuela”.

Na ótica de André Pestana, um Presidente da República deve “estabelecer prioridades” e que irá sempre defender “o bem comum da nossa povoação”. “O nosso bem comum não é investir mais dinheiro em armas. O que é urgente é resolver o problema da habitação, dos baixos salários”.

Quem é André Pestana?

André Pestana, 48 anos, de Coimbra, conhecido pelas greves nas escolas em 2022/2023, enquanto rosto do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.), apresentou a candidatura às eleições presidenciais “para ser a voz dos sem voz”.

Na página da sua candidatura, André Pestana diz ter sido desafiado por 50 ativistas de várias áreas para entrar na corrida à Presidência da República, com o objetivo de “ser a voz dos sem voz”, “elevar a luta pelos serviços públicos a outro patamar” e “ripostar à barbárie social/ecológica e injustiça crescentes”.

André Pestana, das greves nas escolas a candidato pelos “sem voz”

André Pestana, 48 anos, de Coimbra, conhecido pelas greves nas escolas em 2022/2023, enquanto rosto do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.), apresentou a candidatura às eleições presidenciais “para ser a voz dos sem voz”.

Lusa | 13:22 – 20/12/2025

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